As folhas de papel riscadas são
levadas pelo vento
E nelas, escritos todos os medos
e tormentos,
O traço de uma dor pungente
É percebido diante dos rabiscos
de ódio.
O homem quis livrar-se de tudo o
que o torturara,
Suas idéias funestas,
Por ele mesmo ignoradas.
Mas o ardor do desejo de sangue
Fez o homem conspirar, entrar em
conflito consigo,
Tentar, de alguma forma, procurar
abrigo
Dentro do pouco de humanidade que
restava em sua alma.
Era como se estivesse dividido em
duas partes:
Uma ansiava morte, outra se
mantinha paciente.
Buscava maneiras infinitas de se
manter consciente,
Pensava em seus inimigos e a
idéia parecia-lhe eloqüente,
E queria acabar de vez com tudo e
todos que o fizeram mal.
Por um instante, sem estar mais
relutante,
Deixou o impulso percorrer-lhe o
corpo
E foi atrás de seu escopo.
Retalhando sua vítima com ódio
incontrolável,
O homem fora impiedoso, cruel,
abominável,
E terminara o serviço com um ar
inexorável.
Tudo estava acabado e logo o ódio passava,
Sem mais expressar nenhum tipo de
cólera,
O homem pôs-se a chorar,
Imaginando a que ponto pôde
chegar,
Rasgando o rosto com lágrimas de
desespero.
Do corpo deveria se livrar,
Com a culpa haveria de se
conformar
E não havia mais tempo a perder.
Com tamanha dificuldade,
arremessou o corpo ao rio,
Prendendo um peso para que
pudesse afundar.
Aquele dia o havia mudado,
E ele sabia que teria de viver
com fardo de um homem ter matado.
Renan Almeida, abril de 2011.
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